Um dia numa faixa insignificante
buracos negros engoliram corações
e uma criança disse a outra
não respires
sempre que o vento da noite
deixar de ser uma terra de sonhos
Morri antes de viver
vivi em tempos numa campa
dizem-me agora que é pequena
para acomodar todas as minhas mortes
Uma mãe olha para outra –
um mar de pequenos corpos
queimados ou decapitados
à sua volta –
e pergunta,
Como faremos o luto disto?
afagando a face de lorca
uma antologia
trad. francisco josé craveiro de carvalho
companhia das ilhas
2020