A tarde mastiga o para-sol da minha alma
e lembro-me de você, Lúcia –
sombra esguia estirada no limbo
orvalhando o balir da juventude
É quando desço
do mirante
dessa gélida vertigem –
onda inalada no sangue
de antigos girassóis –
e martelos segredam cores ou a febre
, o mar na resina dos dentes
encontra o silêncio na renda
Há nesse instante
um tumulto de braços
soerguendo a manhã
eu a vejo
desse espelho a esculpir omoplatas
nas paredes do tempo
Qual pedra derradeira
serrania e correnteza
tua pele feito estaca na urze
inda hoje
suaviza o bronze dos trovões
Sua Vulva, Lúcia
e seu Ânus
são duas prímulas
cortadas ao meio
pelos corredores ausentes dos meus olhos
E há nas ruínas deste esforço
te conhecer novamente
da costura exata da noite
deste desenho ornado de fúria
em que o fôlego se faz
e onde duas esfinges submersas
se derramam da vitrine do caos
caio resende