perder-me pela tua sombra, que é a minha.
só me resta
habitar a tua voz, que é a minha.
como claridade em horizonte que não se inclina
até ao mais minúsculo monte que a vista alcança
mas não achei minha ferida, minha liberdade.
não encontro o caminho,
e porque meu dorso não se apoia em ti com pregos
inclinei-me tanto
como teus céus fazem
a quem espreita de escotilhas de avião
para que possa convocar as fibras das árvores
devolve-me as letras do meu rosto
para que possa chamar as tempestades próximas
devolve-me aas razões do meu prazer
para que possa invocar esse regresso sem razão
e a minha mão vazia como o hino nacional
porque a minha sombra é ampla como se fora uma festa
e os traços do meu rosto se passeiam de ambulância,
porque eu não sou mais que isto:
o cidadão de um reino que não nasceu ainda.
rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
tradução adalberto alves
assírio & alvim
2001
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