O seu vasto movimento através da escuridão,
mudo.
É insuportável.
Ou Crivelli, com a sua fruta.
Os japoneses.
Ou o miolo branco dos melões,
sempre na escuridão.
Essa escuridão inviolada desde o início.
O pequeno vazio no centro,
na escuridão.
Como virgens.
A paisagem às escuras.
Iluminada por mim.
Iluminada como as minhas mãos
na câmera-escura
prendendo a fita na bobina
na escuridão absoluta.
O árduo trabalho
e logo as minhas mãos enormes e brilhantes.
Virgens.
Baleias.
Escuridão e Laudes.
Mas talvez ninguém deva ser aberto.
Os veados voltam ao comedouro
na súbita época de caça.
As raparigas encontram segundos amores.
Sémele foi fulminada
enquanto olhava a baleia
mesmo na sua pior panóplia.
Foi o notável Sócrates a arruinar Atenas.
Agora enlouqueceste
e eu fugi.
Não são os sonhos.
É este teu amor
que cresce em mim,
maligno.
deixem-me ser ambos
trad. leonor castro nunes e marcos pereira
destrauss
2020
Sem comentários:
Enviar um comentário