04 novembro 2024

marcos foz / enublado dizes



 

[…]
 
«é sempre numa casa que estamos
sós» lembra-nos de raspão
rosto mal conhecido, desenhado
a linhas de carvão dos que não
se deixam conhecer; e o cultivo
do nosso dia, «modesto ameaçado
ajardinado» é mister dos que
caminham alheios a tudo, hagiografia
minada de gentis corruptelas – suaves
raparigas indomáveis rapazes,
degrau a degrau, entre síncopes e
bailaricos, enverdecido mergulho, actuando
nas formas que tombam para o lado
da noite, sagrada conspiração lusófona,
louvadas sejam as linha do que a mim
se encosta e respira, estafetas do recomeço
apontando a saída de emergência ao
longo do inominável, meus terraços a meia
altura, astrolábios necessários pajens
amantes do acaso, remendos
acrescentos, faúlhas que despertam o ouvido
deste vosso ridículo príncipe das nuvens
coroado a carências e sinais de faroleiro
 
[…]
 
 
 
marcos foz
enublado dizes
edição do autor
2024
 




 

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