Mostrar mensagens com a etiqueta judith teixeira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta judith teixeira. Mostrar todas as mensagens

19 agosto 2025

judith teixeira / a sesta



 

 

O sol em calmaria sofucante,
abrindo as grandes azas luminosas
adejou sobre a serra culminante
abrazando-lhe as faces pedregosas…
 
Subindo luminoso, mais brilhante
abrangeu as planícies argilosas
emudecendo a fonte sussurante –
sequioso, anda, a sorver as rosas!...
 
As abelhas, zumbindo nos silvados,
lembram pingos de fogo, condensados,
a refulgirem sob as suas azas…
 
E descansando á sombra dos sobreiros
o encalmado rancho dos ceifeiros
foge aos seus beijos rubros como brazas!
 
Agosto – 922
 
 
 
judith teixeira
castelo de sombras
1923
 




 

09 maio 2021

judith teixeira / maus presagios

 
 
Azas agoirentas, pretas.
veem sobre mim poisar,
de sombrias borboletas
em redor a voltejar…
 
Tristes como violetas!...
Trouxeram-me a soluçar
nas azas negras, inquietas,
um mau presagio, de azar!
 
Meu pobre coração chora
em ânsia que me apavora…
– Que estará p’ra acontecer?...
 
E uma voz entrecortada
Diz-me ao longe desgarrada:
– Adeus!... Partir!... Esquecer!
 
Outono-Hora Inquieta - 1921
 
 
judith teixeira
castelo de sombras
1923





 

28 agosto 2016

judith teixeira / quando o sol morre



Na linha rubra do horizonte, a serra,
como um monstro, adormecido,
tem o ar repousado e indefinido
de quem dorme há mil anos sobre a terra!

O arvoredo, os braços nus descerra
para o azul, já frio e diluído –
curvado o tronco negro e carcomido
rezando pelo sol que se desterra…

Ao longe os corvos, velhos e palreiros,
lá andam a contar pelos outeiros
feitiços de gigantes encantados!...

E o vento desvairado em seu fragor
vai pelos montes, repetindo a dor,
dos que andam pela vida, desgarrados.

Outubro de 1922


judith teixeira
castelo de sombras
1923