«Hoje, Mãe, à
meia-noite e trinta e cinco,
Chega o Verão. Eu
vou esperá-lo na varanda.»
Luís Manuel – 8
anos
Sobre as copas
das árvores da mata
É que o vias
chegar
Deus generoso,
antigo
A navegar
Desdobrando os
navios coloridos
Dessas manhãs
sulinas
A mergulhar nas
águas submarinas
Verdes, verdes
de jóias e sargaços.
E sob a tarde
em brasa
E cantos roucos
De pássaros com
sede
Fogem-te azuis
os olhos de criança
Para as viagens
que se chamam Espanha.
E Julho, Verão,
Baviera, são cometas
E carrocéis em límpidas
clareiras.
Ouves bronzes
de anúncios musicais
No Verão que te
pertence e que te abraça
No Verão que tu
abraças como Irmão
No Verão dos
frutos, teus Irmãos também.
Nos somos
passageiros, sob tendas
De nómadas,
cegando à claridade…
Mas para ti, as
lendas
É que são a
Verdade.
natércia freire
foi apenas ontem (1977-1987)
antologia poética
assírio &
alvim
2001