Ensinou-me a voar sobre a noite das palavras, 
longe do aborrecimento dos navios ancorados. 
Não é o glaciar que nos importa 
mas o que o torna possível indefinidamente, 
a sua verosimilhança solitária. 
Liguei-me a ódios entusiásticos 
que ajudei a vencer e depois abandonei. 
(Basta fechar os olhos para já não se ser reconhecido.) 
Retirei às coisas a ilusão 
que causam para se protegerem de nós 
e deixei-lhes a parte que nos concedem. 
Vi que nunca haveria mulher para mim 
na MINHA cidade. 
O frenesim das pândegas, 
simbolicamente, 
justificaria a minha boa vontade.
Atravessei deste modo a idade da solidão 
até à morada seguinte d’o HOMEM VIOLETA. 
Mas ele só dispunha do triste estado civil das suas prisões, 
da sua experiência muda de perseguido 
e nós, 
nós só tínhamos a sua descrição de evadido.
rené char
este fanático das nuvens
furor e mistério
o poema pulverizado  (1945-47)
tradução y. k. centeno
cotovia
1995
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