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22 outubro 2025

sebastião belfort cerqueira / sexto poema sobre o mar

 


 

 
Quando eu morrer
Deitem-me as cinzas
Quais cinzas
Deitem-me inteiro ao rio
E deixem-me seguir
O trilho frio
Até ao mar
 
Quando eu morrer
E me acharem na margem
Só vos peço um empurrão ligeiro
 
Depois vou a boiar
Como um pau
 
Vou a dormir
Como uma pedra
 
Para encravar
A engrenagem do maior cargueiro.
 
 
 
sebastião belfort cerqueira
está um dia lindo
edições sempre-em-pé
2021
 




07 outubro 2022

sebastião belfort cerqueira / nada

 



 
É mesmo verdade
Nada interessa
Nem o fim do mundo
Mundo
Nem sombras dessa pressa
Se à sombra destes junco
Um mundo a dois começa
 
A calma branca e os dias molhados
São nossos pra fazer o que quisermos
E os velhos medos vão sendo afogados
Pelo bater das pás
Dos nossos remos
Descansados e em paz no meio do rio
E descansados
 
É mesmo verdade
Nada interessa
Não há nada que peses ou que me impeça
Se tenho ao meu lado
A ajudar
A dizer-me de onde vem o vento
Que às vezes se levanta
Aqui dentro
E a usá-la pra nos fazer andar.
 
 
 
sebastião belfort cerqueira
está um dia lindo
edições sempre-em-pé
2021