O cidadão pacífico toma café e rói as unhas enquanto os dias passam – o Sol, os cometas, as searas, os Deuses, os fabricantes de calen...

    É preciso saber esperar, ser paciente, decifrar com correcção os sinais de sangue nas janelas. O tear trabalha lentamente, cruza os fios...

    Julho abria as suas portas, preparava a armadilha, retirou da caixa o violino, os primeiros acordes prometeram o que não podiam dar, pei...

    O dia está triste, Perséfona deve ter sido hoje forçada por Vulcano. O inverno derrama-se na cidade como se tivéssemos de pagar os probl...

    Nenhum amor é total, nenhum amor desenha a latitude e longitude como linhas ideais; na massa em fusão há sempre uma impureza, todo o amo...

  Eu tinha acabado de escrever na folha ocasional que a poesia era o lugar da ausência. As mãos tinham partido: cada uma teria agora a sua s...

2) Assim eu vou cantando o que o acaso me entrega, buscando no amor um supremo refúgio contra as raivas, traições, desesperanças d...

Conseguiram encerrar o vento, retirar a pouco e pouco o ar e – maravilha – o povo resiste ainda e vive. A asfixia é lenta e os...

Como se mantém este deserto? Praças sem vida, sombras nos passeios, estores corridos nas janelas… Poderiam só palavras ...

Por aqui andamos a morder as palavras dia a dia no tédio dos cafés por aqui andaremos até quando a fabricar tempestades particul...

Toda a tarde colhi amoras num poema de Ginsberg, mastigando-as com alguns pensamentos desordenados que em ti se detinham – como nu...

Calafetado contra os sonhos, fico Contigo, prisioneiro dos liames Que te cercam e cercam o teu rosto, A tua carne rasgada nos a...

O areal é o desenho branco do teu corpo E o rio corre como se tu não existisses… Sonolentas pálpebras cerrando-se As nuvens corta...

1) A todos os que esperam de mim um movimento impetuoso, discursos em pedestais, vozes de comando, presto esta informação: - Sou ...

1 Há poetas que constróem o mundo nos cafés, outros que o fazem no claro-escuro entre as prisões e os intervalos. Há poetas q...

Com palavras me ergo em cada dia! Com palavras lavo, nas manhãs, o rosto e saio para a rua. Com palavras - inaudíveis - grito p...

Vagabundeio! Passo sob o cartaz de um fantoche a cavalo, passo entre desafios sem fraternidade, entre mulheres áridas, entre b...

Tudo vai bem, amor! Aqui estamos longe! Aqui malogra-se a abordagem dos terrores, ninguém descarna o sonho ou a esperança, n...

A vida tem lágrimas pesadas como árvores… A sombra avança no atalho como um formigueiro. Tuas pernas estão vermelhas de frio na paragem do e...