30 novembro 2018

egito gonçalves / aldebaran




Toda a tarde colhi amoras num poema de Ginsberg,
mastigando-as com alguns pensamentos desordenados
que em ti se detinham – como numa paragem de autocarro.


Depois fizemos café numa velha cafeteira
arruinada
que Allen encontrara a limpar as ervas
da sua nova casa de campo
em Berkeley. Enquanto bebíamos
expliquei-lhe as razões que tornavam o teu nome
impronunciável
e o escondiam numa estrela. Falei-lhe disso
e da tua indesmentível energia pélvica.
Sentíamo-nos ambos muito sós
a cortar em fatia sanduíches de realidade.



egito gonçalves
poesia do mundo
edições afrontamento
1995








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