06 setembro 2024

antonia pozzi / precoce outono

 




 

 

O nevoeiro é de prata, apaga
as sombras dos pinheiros:
são maiores os jardins
ao amanhecer.
 
Uma folha do choupo secou,
morreu um ramo do castanheiro
no monte.
 
Medos que eles próprios desconhecem
dormindo no ar celeste:
este fim que regressa todos os anos,
que se renova todos os anos.
 
Como a última árvore do bosque,
o último homem já contou os mortos:
mas a sua morte apanha-o
ainda de surpresa.
 
 
 
antonia pozzi
morte de uma estação
trad. inês dias
averno
2019
 



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