Os antigos filósofos (naturalmente) pensavam muito
mais do que liam. Eis porque se agarravam tão tenazmente ao concreto. A imprensa
modificou as coisas. Lê-se mais do que se pensa. Não temos hoje filosofias mas
apenas comentários. É o que diz Gilson ao afirmar que à idade dos filósofos que
se ocupavam de filosofia sucedeu a idade dos professores de filosofia que se
ocupam dos filósofos. Há nesta atitude ao mesmo tempo modéstia e impotência. E um
pensador que começasse o seu livro por estas palavras. «Tomemos as coisas a
partir dos seus princípios» ficaria exposto aos sorrisos. Chegou-se ao ponto em
que um livro de filosofia que fosse hoje publicado e não se apoiasse em nenhuma
autoridade, citação, comentários, etc., não seria tomado a sério. E no entanto…
albert camus
primeiros
cadernos
caderno n.º 4
janeiro 1942 / setembro 1945
trad. não disponível (antónio quadros?)
livros do brasil
1973
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