Pego
na folha de papel, onde o bolor do poema se infiltrou, levanto-a contra a luz,
distingo a marca de água (uma ténue figura emblemática) e deixo-a cair. Quase sem
peso, embate na parede, hesita, paira como as folhas das árvores no outono (o
mesmo voo morto, vegetal) e poisa sobre a mesa para ser o vagaroso estrume
doutro poema.
carlos de
oliveira
a leve
têmpera do vento
antologia
poética
quasi
2001
chorei
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