12 setembro 2018

maria gabriela llansol / o raio sobre o lápis



V

a conclusão de que não há abismo, e que a infância não pára de desenvolver-se e
e crescer,
é um novo princípio de realidade, de morte, de velhice:
eu não deixo de viver no mundo interior e exterior das metamorfoses flutuantes;
é já dia, mas a noite que conduz a esperança no pensamento, e sobre si própria,
não acabou.
                Não acabou definitivamente;
                onde estará, protegendo-se da luz, o sapo que brilha?
                Eu tenho a intuição, Aramis, de que os monstros
são as tentativas mais puras do Universo.
“Olha-os, e não os mates.”



maria gabriela llansol
o raio sobre o lápis
livro de artistas
europalia 91
1991







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