05 julho 2018

william carlos williams / a rua solitária




Acabaram as aulas. Está demasiado calor
para passear. Mas elas passeiam
em ligeiras vestes pelas ruas
para matar o tempo.
Cresceram muito. Na mão direita levam
chamas cor-de-rosa.
De branco dos pés à cabeça,
olhando furtivamente ao passar –
de amarelo, roupas soltas,
cinto e meias pretas –
tocando as ávidas bocas
com açúcar rosado num pauzinho –
como um cravo que cada uma leva na mão –
sobem a rua solitária.


william carlos williams
antologia breve
tradução josé agostinho baptista
assírio & alvim
1993







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