06 julho 2018

virgínia woolf / o passado




(1925)
Quarta, 18 de Março


(…) Neste momento (sete e meia, antes do jantar) apenas posso anotar que o passado é belo porque uma pessoa nunca se apercebe de uma emoção na altura. Expande-se mais tarde e assim não temos emoções completas sobre o presente, apenas sobre o passado. Isto ocorreu-me na gare de Reading ao ver a Nessa e o Quentin darem um beijo, ele aproximando-se timidamente, contudo com uma certa emoção. Isto vou lembrar, e hei-de valorizar, quando estiver separado de toda aquela trapalhada que é atravessar a gare, procurar o autocarro, etc. É por isso que damos importância ao passado, acho eu. (…)


virgínia woolf
diário primeiro volume 1915-1926
trad. maria josé jorge
bertrand editora
1985








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