17 maio 2015

luís miguel nava / a fome



Aqui, onde a mão não
alcança o interruptor da vida, aqui
só brilha a solidão.
Desfazem-se as lembranças contra os vidros.

Aqui, onde a brancura
dum lenço é a brancura do infortúnio,

aqui a solidão
não brilha, apenas
se estorce.
A fome fala através das feridas.


luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
vulcão
publicações dom quixote
2002




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