23 abril 2015

josé gomes ferreira / deslumbramento



LVII

Deslumbramento
desta manhã mil vezes repetida
com o ouro das mãos do sol
a apalparem o vento,
o vento-fêmea que se despe num lençol
e nos seios da roupa estendida.

Peles de cadáveres que uma volúpia branca desespera
─ enforcados pela cólera da primavera.


josé gomes ferreira
café 1945-1946-1947-1948
poesia III
portugália
1971



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