No silêncio sem pudor da luz e das engrenagens
apavorado e demente
separo a noite do dia
misturo as recordações amarelecidas
com o cinzento do amanhã.
As mãos ficaram esquecidas nas tuas mãos
e como que adormecidas
fazem e desfazem a longuíssima trança dos sonhos
até que as nuvens vêm enfim
reconhecer a pederastia do Mar.
Ao crepúsculo
avançam as cavernas mais profundas
exibindo estalactites de lágrimas
descendo na profundidade de tinteiros de prata e ametista.
Galopam vertiginosamente as cadeiras pela imensa planície
e trémulos escutamos a espuma imaculada
o espaço das axilas ainda analfabeto
a coluna e as pálpebras ao fundo
tudo o que naufraga
arde tomba
anónimo ilumina
e no interior mais recôndito das casas
sob o peso esverdeado das máquinas
se retira e liquefaz.
artur do cruzeiro seixas
a única real tradição viva
antologia da poesia surrealista
portuguesa
perfecto e. cuadrado
assírio & alvim
1998
Belo!
ResponderEliminar