25 julho 2013

samuel beckett / mais depressa que onde



mais depressa que onde
nas espiras dos olhos
corre até
gelado no carril
da mandíbula
roer o ranger
dos dentes com o
claque-claque da cegonha

que atravessa
o sentido ido
e o olho
esbugalhado
do branco
por desnudar
tremor pavor
nem a nada

súbito dentro
macio de cinza
pânico
cintila dilacera
e de súbito
re macio
tremor passado
nunca sido

do raio
num latíbulo
há tanto escuro
tremor pavor
até que a brecha
cerrada
re escura
re queda

assi aqui
muito queda
muito nada
lacerada assi
assi sacudida
passada
cabeça amarra
in ex quasi morta

1974


samuel beckett
trad. manuel portela
relâmpago” nr.13
10/2003



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