26 julho 2013

allen ginsberg / uivo por carl solomon (fragmento)

  I


  Eu vi as melhores mentes da minha geração destruídas pela loucura, esfaimadas
  histéricas despidas,
  arrastando-se através das ruas dos negros ao alvorecer em busca de uma dose
  enfurecida,
  hipsters de cabeça de anjo ardendo pela anciã ligação celestial ao
  dínamo de estrelas na maquinaria da noite,

  (...)
  que falaram continuamente durante setenta horas do parque para a vereda para o bar
  para Bellevue para o museu para a Ponte de Brooklyn,
  um batalhão perdido de conversadores platónicos saltando para baixo das inclinações
  das saídas de incêndio dos parapeitos das janelas do Empire State fora da lua,
  balbuciando gritando vomitando sussurrando factos e memórias e anedotas e golpes
  no globo ocular e choques de hospitais e cadeias e guerras,
  completos intelectos regurgitados na total revogação de sete dias e sete noites
  com olhos brilhantes, carne para a Sinagoga lançada no pavimento,

  que desapareceram no Zen de nenhures em New Jersey deixando um rasto de
  ambíguos postais ilustrados da Câmara Municipal de Atlantic City,
  sofrendo de suores Orientais e triturações ósseas Tangerianas e enxaquecas da
  China devido à privação de droga no desolado quarto mobilado de Newark,

  que vaguearam em círculos à meia-noite no pátio do caminho-de-ferro
  interrogando-se onde ir, e partiram, sem deixar corações partidos,

  que acenderam cigarros em vagões-jota vagões-jota vagões-jota fazendo algazarra
  através da neve em direcção a quintas solitárias na noite avó,

  que estudaram Plotinus Poe S. João da Cruz telepatia e bop cabala porque o cosmos
  vibrava instintivamente aos seus pés no Kansas,

  que o arrastaram solitário através das ruas de Idaho buscando anjos índios visionários

  que eram anjos índios visionários,

  que pensavam ser apenas loucos quando Baltimore
  cintilava em êxtase sobrenatural,

  que saltaram em limosines com o Chinês de Oklahoma no impulso da
  luz das ruas de chuva da meia-noite invernal de cidades pequenas,

  que deram investidas esfomeados e sós por Huston em busca de jazz ou sexo ou
  "sopa", e seguiram o Espanhol brilhante para conversar acerca da
  América e Eternidade, uma tarefa desesperada, e portanto embarcaram para África,

  que desapareceram adentro dos vulcões do México deixando para trás nada a não ser
  a sombra de estercos e a lava e as cinzas de poesia disseminada
  na lareira Chicago,

  que reapareceram na Costa Oeste investigando o F.B.I. em barbas e
  calções com grandes olhos pacifistas sexys na sua pele bronzeada divulgando
  folhetos incompreensíveis,

  que queimaram buracos com brasas de cigarro nos seus braços protestando contra a
  neblina narcótica de tabaco do Capitalismo,

  que distribuíram panfletos Supercomunistas em Union Square choramingando e
  despindo-se enquanto as sirenes de Los Alamos os derrubavam com lamentos, e com     lamentos derrubavam o Muro,
  e assim o ferry de Staten Island também se lamentava,

  que tiveram um colapso nervoso em pranto nos ginásios brancos nus e tremendo
  perante a maquinaria de outros esqueletos,
  (...)




  allen ginsberg



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