06 novembro 2012

tamara kamenzain / freud




“Sigo para a luz”
dizia-me em sonho meu pai morto.
Seu sorriso se esfumava em dupla lonjura,
trazia no entanto uma tranquilidade luminosa:
havia uma mensagem literal
enunciado claríssimo onde a luz é a luz é a luz é a luz
e aonde ir é desdobrar-se em eco
como só um pai sabe fazer
envolve a alma em branco estende uma fronha
e apoia  dos filhos em branco a cabeça
aí escreve premonições futuras
um destino de grandeza uma via régia
que ele firma e confirma como um médico
deixando-nos numa cura formidável
sua desaparição.



tamara kamenzain
o gueto
trad. carlito azevedo e paloma vidal
livros cotovia
2003



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