09 agosto 2012

joan-ives casanova / que dizem as mãos erguidas…





que dizem as mãos erguidas como para sair para as ruas
onde se nos torna difícil caminhar no côncavo da história
sem território sem paz e sem pátria porque assim o queremos
para rasgar com tristeza as cores do vento e do desejo

vejo-me reflectido em outras mãos erguidas na claridade do tempo
através da sombra negra que já não pode enegrecer sem segredo
sem atalho sem cortar o pão que se come fresco
o pão pousado na mesa azul horas docemente concedidas
 
não se pensa em escrever a história muito menos falar dela
apenas deixar-se levar ao signo pela chave do tempo
e à conversão poderosa que faz do dia o sentido possível
e pode-se não acreditar em nada salvo na nudez das palmas descobertas
quando se olha a luz das nossas mãos  à beira-mar




joan-ives casanòva
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