24 maio 2012

gabriel celaya / biografia





Não pegues na colher com a mão esquerda.
Não ponhas os cotovelos na mesa.
Dobra bem o guardanapo.
Isso, para começar.

Extraia a raiz quadrada de três mil trezentos e treze.
Onde fica o Tanganica? Em que ano nasceu Cervantes?
Dou-lhe um zero em comportamento se falar com o seu colega.
Isso, para continuar.

Parece-lhe decente que um engenheiro faça versos?
A cultura é um enfeite e o negócio é o negócio.
Se continuas com essa moça fechamos-te a porta.
Isso, para viver.

Não sejas tão louco. Sê educado. Sê correcto.
Não bebas. Não fumes. Não tussas. Não respires.
Aí, sim, não respirar! Dar o não a todos os nãos.
E descansar: morrer.





gabriel celaya
espanha (1911-1991)


3 comentários:

  1. Olá gil, você por acaso sabe quem foi que o traduziu?
    Muito bacana!

    ResponderEliminar
  2. Lamento, Joana, mas não sei.
    Só costumo publicar textos com todas as referências bibliográficas e, salvo uma ou outra excepção, li e tenho os livros de que faço citação.

    No entanto, tenho também muita coisa que fui recolhendo e, que por ser excelente, optei por publicar mesmo assim. (É o caso deste poema)

    Peço desculpa aos tradutores, mas acho que compreenderão esta minha opção.

    ResponderEliminar
  3. Ora, isso acontece com todo amante de versos, não se preocupe.

    Obrigada mesmo assim. Até logo.

    ResponderEliminar