29 junho 2011

nános valaorítis / as portas

 
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As portas fechando-se súbito uma noite
Podem isolar-nos para sempre
Dos nossos ouviremos só as vozes
Vazias e distantes, as chaves
Não servirão mais nas fechaduras
E assim os reinos vão permanecer
Obscuros e imóveis nos aposentos contíguos
Com seus tronos vacantes, depostas e quebradas as espadas
Os cavalos atados às manjedouras
Sonharão com luas e com sabres.
 
Em momentos que tais não me perguntes pelas vozes
Que se escutam com frequência à noite, longe
Eu não as quero ouvir nem saber o que dizem
Temo não reconhecer os túmulos secretos dos amigos meus
Que derrotados, dispersos na planície
Ou escondidos nas cidades, defrontam a ruína
Não me perguntes que eu não sei dizer
Os bairros são pequenos, as mulheres venenosas
A cidade está repleta de mortos. Deixa-me viver.
 
 



nános valaorítis
trad. josé paulo paes
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001
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( passo este poeta grego em homenagem aos que neste momento lutam nas ruas de Atenas, enquanto a Europa dorme)
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2 comentários:

  1. Boa escolha para um momento destes.Excelente o que encerra a dedicatória.

    Amélia Pais

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  2. "A cidade está repleta de mortos. Deixa-me viver."

    Não conhecia este poema.. Está fenomenal! Obrigado por o partilhar.
    Também gostei imenso do seu blog! :)

    Atenciosamente,
    Carlos Leite, http://opintordesonhos.blogspot.com

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