.
.
.
As portas fechando-se súbito uma noite
Podem isolar-nos para sempre
Dos nossos ouviremos só as vozes
Vazias e distantes, as chaves
Não servirão mais nas fechaduras
E assim os reinos vão permanecer
Obscuros e imóveis nos aposentos contíguos
Com seus tronos vacantes, depostas e quebradas as espadas
Os cavalos atados às manjedouras
Sonharão com luas e com sabres.
Em momentos que tais não me perguntes pelas vozes
Que se escutam com frequência à noite, longe
Eu não as quero ouvir nem saber o que dizem
Temo não reconhecer os túmulos secretos dos amigos meus
Que derrotados, dispersos na planície
Ou escondidos nas cidades, defrontam a ruína
Não me perguntes que eu não sei dizer
Os bairros são pequenos, as mulheres venenosas
A cidade está repleta de mortos. Deixa-me viver.
nános valaorítis
trad. josé paulo paesrosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001
.
.
.
.
( passo este poeta grego em homenagem aos que neste momento lutam nas ruas de Atenas, enquanto a Europa dorme)
.
.
.
.
Boa escolha para um momento destes.Excelente o que encerra a dedicatória.
ResponderEliminarAmélia Pais
"A cidade está repleta de mortos. Deixa-me viver."
ResponderEliminarNão conhecia este poema.. Está fenomenal! Obrigado por o partilhar.
Também gostei imenso do seu blog! :)
Atenciosamente,
Carlos Leite, http://opintordesonhos.blogspot.com