04 junho 2009

pere gimferrer / vigília








E nunca nunca mais poder
falar a taça, o casco, a coisa
que partiu o vidro, inútil
peso das imagens de ontem.

Nenhuma destruição de linho
poderá dizer a cor da rosa
que esmaga na pupila fechada
o triunfo da luz de um clarim.

Nunca mais isto poder dizer,
não poder dizer pelo avesso
a ternura da pele clara,

os lábios, os sulcos, o beijo, o ventre,
os corpos ao assalto; e depois
não poder nunca repetir!







pere gimferrer
quinze poetas catalães
trad. egito gonçalves
ed. limiar
1994.






3 comentários: