24 setembro 2008

e. e. cummings / nada é mais exactamente terrível






[ ix ]




nada é mais exactamente terrível do que
estar sozinho em casa, com alguém e
com alguma coisa)

Partiste há risos

e o desespero imita uma rua

eu inclino-me à janela, contemplo espectros,
um homem
estreitando uma mulher num parque. Perfeito


e ao de leve (porquê? Ou para não compreendermos)
ao de leve eu estou ouvindo alguém
a vir para cima, cautelosamente
(cautelosamente subindo atapetado lanço após
atapetado lanço. serenamente, subindo
os atapetados degraus do terror)


e continuamente eu estou vendo alguma coisa

inalando suavemente um cigarro (num espelho








e. e. cummings
xix poemas
trad. jorge fazenda lourenço
assírio & alvim
1998


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