IX   Hoje vim para a rua de cabeça levantada – desdém de frutos mordidos.   Eu, o príncipe dos dias lúcidos que dei os olhos ao sol pa...

    XV   Nos muros adolescentes apareciam na cal iniciações sagradas, riscos, traços, curvas, sóis estreitos de Vénus – toda a geometria suj...

    XIX   Ouve, primavera: não te atrevas a sair das rosas para o mundo.   Não venhas arrepender de beleza fácil este meu instinto – tão con...

  I   Poesia – sabor próprio das palavras alheias que se perderam dos objectos naufragados na saliva das areias.     josé gomes ferrei...

    IV De súbito, acordei perto das coisas distantes com a vaga tentação de dar um salto na sombra até chegar ao coração da Morte.   Mas fiq...

    II   Homens de outros séculos: invejai-me!   Cá estou no século vinte no Dia do Grande Ruído quando se escancaram na terra as Portas de ...

  XIX   De repente tudo se tornou mais fundo para além da superfície das pedras sem flor e das árvores sem voz.   Tão fundo, tão fundo que a...

    VI Enchi de pedras e de cardos os caminhos da vida para mim…   E aqui estou eu agora neste trono de solidão, braços vazios sem mundo, a ...

    XLV   Bem. Sacudo as lágrimas da gabardine e sento-me neste esconderijo de café sujo a olhar através da montra em mim na rua a treva mec...

    Vivam apenas.   Sejam bons como o sol. Livres como o vento. Naturais como as fontes.   Imitem as árvores dos caminhos que dão flores e f...

    III   Pobres, gritai comigo:   Abaixo o D. Quixote com cabeça de nuvens e espada de papelão! – E viva o Chicote no silêncio da nossa Mão...

   III   Perto das árvores sob as estrelas olho com orgulho para o céu e sinto que pertenço ao universo.   A minha carne é de terra, os olho...

    I   Neste momento um pássaro qualquer canta, explica as flores perto da margem dum rio.   Nunca ouvi esse pássaro cantar nem sei onde o ...

VIII Do que sou ao que penso paira um voo suspenso… Mas tão subtil que nem ata o pântano vil à nuvem de prata. (...

                            (Lá de fora da Cidade vem o Coro da                             Lamentação Geral em honra dos pobres her- ...

III A palavra Revolução. Encontrei-a anónima nos olhos dos pobres, nas barricadas dos livros, no ódio à palavra guilhotina ...

XXVI («Morte e Transfiguração» de Strauss. Deixo de ouvir, de súbito preocupado com a minha morte. ) E se fôssemos imort...

Viver sempre também cansa! O sol é sempre o mesmo e o céu azul ora é azul, nitidamente azul, ora é cinzento, negro, quase verde…...

IV E ainda hoje por lá ando a correr na superfície das manhãs paradas a gastar-me com os mortos – e a deixar cair invenções de...

                (Skerzo) VIII Enterrava-se a noite e às vezes também os astros na alegria das férias – para dar destinos...