07 agosto 2024

maria gabriela llansol / onde vais, drama-poesia?

 



 
XV
 
num desses momentos,
a objecto de beleza
sob o aspecto de uma abertura larga,
terá medo que o amor a desfeie e lhe roube o brilho que a en-
volve.
 
     Nesse momento, serei naturalmente implacável,
por ora, a única abertura visível é a porta da minha casa, la-
deada por duas lanternas.
     Dentro, e ao lado das nossas casas, estão várias casas,
 
abrigo que nos permitimos atingir quando sentimos fadiga.
Fadiga muito doce por não se querer sentir a fadiga cruel que
todo o vento brando, àquela hora, espalha pela clareira,
 
 
todos somos, de facto, incompletos a certas horas do dia, e
mostrei-lhe a Casa.
 
 
maria gabriela llansol
onde vais drama-poesia?
relógio d´água
2000
 




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