13 julho 2023

a. c. swinburne / solidão

 
 
Mar e depois o mar, areia e depois a vastidão de areia,
     Aqui marfim suave, ali fendido e sulcado pelas águas
     Que através de sulcos escorrem suavemente como chuva ou
                                                                                    neve,
Alongando-se solitárias e tranquilas sob o doce
Brilho cinzento dos céus cujo sorriso nas ondas e na praia
     Refulge como o de um homem que sorri por saber
     Que nenhum sonho pode escarnecer da sua fé,
Nem as nuvens se parecerem ao mar ou à terra vivos.
Há um limite para toda esta desolação,
Para estas falésias desfiguradas e mutiladas,
Para estas eminências arruinadas de muralhas minadas pelo
                                                             mar que deslizam
     Para o mar com todos os seus taludes de flores batidas pelo
                                                                                  vento,
Mas felizes por viver, antes que a esperança se aquiete
     Sob o tumulto das sombrias e densas ondas e horas?
 
 
 
a. c. swinburne
poemas
tradução de maria lourdes guimarães
relógio d’ água
2006
 



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