22 fevereiro 2023

anna akhmatova / no quadragésimo ano

 



4.
 
Era eu a que sabia da insónia
Todos os precipícios e veredas,
Mas esta é um tropel de cavalaria
Ao uivo de clarim que ficou selvagem.
Entro em casas esvaziadas,
No recente aconchego de alguém.
Tudo silencioso, só as brancas sombras
Nos alheios espelhos flutuam.
E lá na neblina o quê – a Dinamarca,
A Normandia ou dantes
Eu própria estive aqui,
E isto – uma reedição
Dos minutos para sempre esquecidos?
 
1940
 
 
anna akhmatova
poemas
trad. joaquim manuel magalhães e
vadim dmitriev
relógio d´água
2003 




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