06 dezembro 2021

charles simic / livro de história

 
 
 
Um miúdo encontrou as suas páginas soltas
Numa rua movimentada
Deixou de jogar à bola
Para correr atrás delas.
 
Elas escaparam-se das suas mãos
Voando como borboletas.
Apenas pôde entrever
Alguns nomes, uma data.
 
Nos arredores o vento
Fê-las subir.
Foram arrastadas sobre o depósito de pneus usados
Em direcção ao rio cinzento,
 
Onde afogam os gatinhos –
E a barcaça desliza,
Aquela que crismaram Vitória
De onde um aleijado acena.
 
 
 
charles simic
trad. josé alberto oliveira
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001




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