27 outubro 2021

arnau pons / agarras-te à voz

 



 
AGARRAS-TE à voz, luz de destempo
que faz encaminhar a vida;
ninguém
se cala, todos querem escrever as trevas;
em direcção a ti, aquilo: empalidece
com lepra e neve a mão coberta,
as unhas com arcos de promessa;
 
rastos: que esboçam?
portas: que abraçam?
real uma só paisagem: os mudos.
arteriais, dragões alados de Medeia;
cosidas letras
estrias do céu;
 
sob a pele,
ficam os cadáveres das palavras;
 
uma poça de sangue abafa no escuro
um grito;
subitamente ergues os olhos
para a escória.
 
 
 
arnau pons
tradução de yvette centeno
eufeme 21 outubro/dezembro 2021
magazine de poesia
edições eufeme
2021






 


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