23 setembro 2021

ángél gonzález / porvir

 
 
Chamam-te porvir
porque nunca vens.
 
Chamam-te: porvir,
e esperam que tu venhas
como um animal manso
comer-lhes à mão.
 
Mas tu continuas
para lá das horas,
agachado não se sabe onde.
… Amanhã!
                       E amanhã será outro dia calmo,
um dia como hoje, quinta ou terça-feira,
qualquer coisa e não aquilo
que esperamos não obstante, ainda, sempre.
 
 
 
ángél gonzález
para que eu me chame ángel gonzález
uma antologia
selecção e tradução de miguel filipe mochila
língua morta
2018

 





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