24 agosto 2021

luiza neto jorge / recanto 13

 
 
Minha irmã é que nasceu a falar
de um derramamento colossal
da solidão.
 
As mulheres, é espesso perfume lembrá-lo,
têm ângulos ausentes no que vêem e no que falam e nas ocultas
nebulosas do seu copo
o amante adivinha como um homem traído.
 
Assim assim mesmo: nessa penumbra de metal candente
anseia-se, decai a ansiedade
 
e a mulher (Ila, irmã de Ilo o mundo, a minha irmã),
que é repouso vasto enfurecido
corre a apanhá-los.
ao espelho, à flor,
da cintura irrompendo como de um jardim
para uma espécie de corpo inenarrável.
 
 
 
luiza  neto jorge
dezanove recantos
1970






 

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