14 agosto 2021

emanuel jorge botelho / testamento vital

 
 
 
                  para o Manuel de Freitas
 
 
 
estou cansado de andar a ir morrendo,
à espera que o tempo saia do meu nome.
 
trepar paredes não é risco a que dê gasto de alma,
e não tenho caligrafia
para cancelar o endereço.
 
ponho uma faca entre os dentes?
masco tília?
ou desenho a primeira sílaba de uma asa?
 
não faço nada.
não sou capaz de trair a minha morte.
 
 
                                       Agosto de 2013
 
 
 
 
emanuel jorge botelho
telhados de vidro n.º 19 . maio . 2014
averno
2014






 
 
 
 

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