29 maio 2021

joaquim manuel magalhães / a vida traz alguma dor

 
 
 
A vida traz alguma dor. Ludibrio-me.
A dor traz alguma vida. Ontem acarinhei-te tanto
queria andar hoje desacompanhado, na amurada
uma vaga de crude, um malte de ablação anal.
Acordamos a látego na alcatifa,
imundo dossel, flâmula, flagelo,
a caneca de sidra entornei-a.
 
A madeira maciça na hierática mobília
desornada. Na lupa, o monturo.
Num talo uma corola de açafrão.
Retomo o reflexo. Modifico-o
num rimance guarnecido e errático
em débito de alonjamento. O porvir
delicado brandia o borboto e a pureza
que no cofre rilhavam aparas em aluvião.
Se a labuta manietou o teu impropério, o adelo
provocará o carimbo, a rédea
e o local onde te coloquei a adelfa.
 
A melodia um relato a laborar
o mensageiro de um sonho.
 
 
 
joaquim manuel magalhães
canoagem
relógio d´água
2021





Sem comentários:

Enviar um comentário