14 abril 2021

denise levertov / mês veloz

 
 
O espírito de cada dia passa, cabisbaixo
sob o vento, braços cruzados.
ambíguos irmão daquelas idealizadas
“filhas do Tempo”, nem dons nem escárnio
proferindo, as mãos prendendo
os cotovelos, escondidas em mangas largas
de túnicas cor de sombra. Dia após dia
e nenhuma em demoras, a cadência do seu passo
sem pressa, e ainda assim veloz, demasiado veloz.
 
 
denise levertov
este grande não-saber
trad. andreia c. faria e bruno m. silva
flâneur
2021






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