11 março 2021

antónio manuel azevedo / sem propósito de imprimir

  
 
Já todos o conhecíamos da pequena corte
tinha aquelas mãos de fazer ouro.
 
Chegava de noite e trazia os das cantigas.
Eram amigos que lhe aprendiam as falas
os encenados lugares do corpo, diabos
sedutores, fadas da pequena vida
pois que vida lhe vejo chamar.
 
Ordenava o curto prazer, a esperança
longa, ficava depois de terem ido.
 
Bebia enganos madrugada dentro
onde temor sempre atiça e o receio
melhor cabe, derivava em cerveja
a nau de seus amores. Deixava
em seus cadernos estas desventuras
farsas de segredos para dele caçarmos
para si sempre mudo.
 
 
 
 
antónio manuel azevedo
as escadas não têm degraus 3
livros cotovia
março 1990





 

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