06 janeiro 2021

isabel de sá / o riso

  
 
     O pensamento transforma a imprecisão de um verso. Pode torna-lo rígido, esplendoroso ou simplesmente fazer que a loucura o contamine. Se o riso alastra no poema e não para de crescer sabemos que a perturbação atingirá toda a página. O verso é uma sombra, um fio errante e solitário sem identidade. O poeta terá o mesmo destino, uma vez que corpo e alma são a textura de um único universo.
     No perfil do meu rosto a luz provoca e anula o grito. Ao lembrar Edvard Munch, a treva das cores, também eu sou a cinza do que escrevo.
 
29.11.89
 
 
isabel de sá
hífen 6 fevereiro, 1991
cadernos semestrais de poesia
heresias
1991



 

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