26 fevereiro 2020

jesús lizano / a verdade



É triste a verdade. É o mais triste que há.
Vivemos de verdades que nos vivem,
verdades que inventamos e se escrevem
como leis de um mundo que não existe.

A Razão, sua loucura, reveste-se
de fantasmas perdidos que recebem
nomes que nos dominam e sobrevivem
fingindo a verdade. Em que consiste

essa alucinação que determina
o domínio que a converte em deusa
senão em falso sol da nossa essência.

Foge desse feitiço que a anima,
confusa e tão sangrenta e venenosa.
Não é a verdade a luz. É a inocência.


jesús lizano
mundo real poético
antologia
trad. carlos d´abreu
barricada de livros
2019





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