04 novembro 2019

joão luís barreto guimarães / a solidão dos homens cansados



A
cada dia que passa me sinto mais fatigado. Um
homem procura ternura
no seu regresso a casa (um
homem não vê o instante em que despe
o ultraje) quando
sai de pés descalços pelo soalho da tarde em
busca de um
copo de olvido. Um homem conhece a casa
pelo gato à janela –
duas pupilas acesas sentam-se
à sua mesa
sentam-se à mesa da alma. E a casa recebe o homem
com uma noite sempre nova
(um homem entrega tudo a quem o
salve do exílio)
quem lhe aplaque a solidão que existe nos
homens cansados.




joão luís barreto guimarães
nómada  (2018)
o tempo avança por sílabas
poemas escolhidos
quetzal
2019






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