08 outubro 2019

maria-mercè marçal / que saudade





Que saudade, toda trapos e esquecimento,
sem te saber ainda
cambaleava, tão ébria
e inábil como um mendigo,
abrindo as mãos, estendidas
a você?
                 Que espanto
sangrento, como um galo
decepado, mudo, interrompia
o passo da alba que te trazia?
Que saudade?
                 Que espanto?




maria-mercè marçal
desglaç / degelo
tradução meritxell hernando marsal
e beatriz regina guimarães barboza
editora urutau
2019




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