27 outubro 2019

eugénio de andrade / outras tardes



     Debruço-me para escutar o canto. De onde viria, se a luz sabia a sal? Dele falava quando disse que o outono já se estendera sobre a palha. A terra cheia bem: no silêncio crispado as maçãs ardiam de doçura.
     Era no tempo em que as cabras subiam às falésias. Talvez algum pastor lhes seguisse o rasto. E cantasse então.


eugénio de andrade
memória doutro rio
poesia
fundação eugénio de andrade
2000












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