24 abril 2019

gil t. sousa / desertos


2-

da luz
nem sempre quis a
a verdade

tenho agora
vícios de deserto
e o coração

pede-me sombras curtas
não confio no vento,
esse pássaro louco

que despreza a cor
do alecrim
e da tâmara madura

estou cansado
e assisto de longe
à traição da primeira hora

já só escrevo na areia quente
o frio que não
posso guardar

mas danço
como o orvalho
de flor em flor

e agora
qualquer madrugada me serve
para despertar



gil t. sousa
desertos







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