22 janeiro 2019

herberto helder / nenhum corpo é como esse




Nenhum corpo é como esse, mergulhador, coroado
de puros volumes de água.
Nenhuma busca tão funda, a tal pressão,
como pesa na água uma ilha fria,
a raiz de uma ilha.
Uns procuram ramas de ouro.
Outros, filões de púrpura unindo
sono a sono. Há quem estenda os dedos para tocar
as queimaduras no escuro. Há quem seja
terrestre.
Tu esbracejas entre sal agudo.
Não falas, mal respiras, moveste apenas
e fulguras
como uma estrela cheia de bolhas.
Feroz, paciente, arremetido, mortal, centrífugo.
Com todo o peso do coração no centro.


*


Nessun corpo è come quello, tuffatore, incoronato
de puri volumi d´acqua.
Nessuna ricerca tanto profonda, a una tale pressione,
quanto pesa nell´axqua un´isola fredda,
la radice di un´isola.
Alcuni cercano ramature d´oro.
Altri, filoni di porpora che uniscono
sonno a sonno. C´è chi stende le dita por toccare
le bruciature nel buio. C´è chi
è terrestre.
Tu dai bracciate tra sale aguzzo.
Non parli, a malapena respiri, ti muovi soltanto
e sfolgori
come una stella piena di bollicine.
Feroce, paziente, lanciato, mortale, centrifugo.
Com tutto il peso del cuore nel centro.



herberto helder
flash
empira
roma
1987







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