O vento passa a rir, torna a passar, 
Em gargalhadas ásperas de demente; 
E esta minh’alma trágica e doente 
Não sabe se há-de rir, se há-de chorar! 
Vento de voz tristonha, voz plangente, 
Vento que ris de mim, sempre a troçar, 
Vento que ris do mundo e do amar, 
A tua voz tortura toda a gente! ... 
Vale-te mais chorar, meu pobre amigo! 
Desabafa essa dor a sós comigo, 
E não rias assim ! ... Ó vento, chora! 
Que eu bem conheço, amigo, esse fadário 
Do nosso peito ser como um Calvário, 
E a gente andar a rir pla vida fora!! ... 
florbela espanca
sonetos
livraria bertrand
1981
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