12 maio 2018

jorge de sena / as mãos dadas



Um dia me falaste,
e as árvores morriam galho a galho seco.
Havia flores, recordo.
Havia ruas, ai também recordo.
E escadas
vazias.

Não me falaste, não. Fui eu quem perguntou,
beijando-te tremente, quantos anos tinhas,
e o teu nome.

Não tinhas nome; ou tinhas, mas não teu.
E a tua idade: as tuas mãos nas minhas.


jorge de sena
fidelidade  (1958)
trinta anos de poesia
editorial inova
1972







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