Por um país de pedra e vento duro 
Por um país de luz perfeita e clara 
Pelo negro da terra e pelo branco do muro 
Pelos rostos de silêncio e de paciência 
Que a miséria longamente desenhou 
Rente aos ossos com toda a exactidão 
Dum longo relatório irrecusável 
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento 
E pela limpidez das tão amadas 
Palavras sempre ditas com paixão 
Pela cor e pelo peso das palavras 
Pelo concreto silêncio limpo das palavras 
Donde se erguem as coisas nomeadas 
Pela nudez das palavras deslumbradas 
- Pedra   rio   vento  
casa 
Pranto   dia   canto  
alento 
Espaço   raiz   e água 
Ó minha pátria e meu centro 
Me dói a lua me soluça o mar 
E o exílio se inscreve em pleno tempo 
sophia de mello breyner andresen
livro sexto
1962
Sem comentários:
Enviar um comentário